terça-feira, 2 de março de 2010

Alegres e Ignorantes


Há fases em que, inquieta, eu talvez aponte mais o lado preocupante da vida. Mas jamais esqueço a importância do bom humor, que na verdade me caracteriza no cotidiano, mais do que a melancolia. Meu amado amigo Erico Verissimo certa vez me disse: "Há momentos em que o humor é até mais importante do que o amor". Eu era muito jovem, na hora não entendi direito, mas a vida me ensinou: nem o amor resiste à eterna insatisfação, à tromba assumida, às reclamações constantes, à insatisfação sem tréguas. Bom humor zero. Desperdício de vida: acredito que, junto com dinheiro, sexo e amor, é a alegria que move o mundo para o lado positivo. Ódio, indignação fácil, rancores e inveja – e nossa natureza predadora – promovem mediocridade e atos cruéis.


Quando, seja na vida pessoal, seja como cidadãos ou habitantes deste planeta, a descrença e o desalento rosnam como animais no escuro no meio do mato, uma faísca de bom humor clareia a paisagem. Mas há coisas que nem todo o bom humor do mundo resolveria num riso forçado. Como senti ao ler, numa dessas pesquisas entre esclarecedoras e assustadoras (quando vêm de fonte confiável), que mais de 30% da nossa chamada elite é de uma desinformação avassaladora. Aqui o termo "elite" não tem a ver com aristocracia, roupa de grife, apartamento em Paris ou décima recostura do rosto, mas com a gente pensante. A que usa a cabeça para algo além de separar orelhas. Pois, segundo a pesquisa, entre nós a imensa maioria dos ditos pensantes não consegue dizer o nome de um só ministro desta nossa República. Senadores, nem falar.


A turma que completa o 2º grau, que faz faculdade, que tem salário razoável, conta no banco, deveria ser a informada. Essa que não precisa comprar carro em noventa meses e deixar de pagar depois de quatro. A elite que consegue viajar conhece até algo do mundo, e poderia ter uma pequena biblioteca em casa. Em geral, não tem. Com sorte, lê jornal, assiste a boas entrevistas e noticiosos daqui e de fora, enfim, é gente do seu tempo. Para isso não se precisa de muita grana, acreditem. Mesmo assim, essa elite é pouco interessada numa realidade que afinal é dela.


Resolvi testar a mim mesma: nomes de ministros atuais desta nossa República. Cheguei a meia dúzia. São quase quarenta. Então começo a bater no peito, em público, aliás. Num país onde mais da metade dos habitantes são analfabetos, pois os que assinam o nome não conseguem ler o que estão assinando, ou vivem como analfabetos, pois não leem nem o jornal largado na praça, os que sabem ler deveriam ser duplamente ativos, informados e participantes. Não somos. Nossos meninos raramente sabem o título de seus livros escolares ou o nome dos professores (sabem o dos jogadores de futebol, dos cantores de bandas, das atrizezinhas semieróticas). Agimos como se nada fora do nosso pequeno círculo pessoal nos atingisse.


Além das desgraças longe e perto, vindas da natureza ou do homem, estamos num ano eleitoral. Inaugurado o circo de manobras, mentiras e traições escrachadas ou subliminares que conhecemos. Precisamos de claridade nas ideias, coragem nos desafios, informação e vontade, e do alimento dos afetos bons. Num livro interessante (não importa o assunto) alguém verbaliza velhas coisas que a gente só adivinhava; um filme pode nos lembrar a generosidade humana; uma conversa pode nos tirar escamas dos olhos. Estar informado e atento é o melhor jeito de ajudar a construir a sociedade que queremos, ainda que sem ações espetaculares. Mas, se somos desinformados, somos vulneráveis; se continuarmos alienados, bancaremos os tolos; sendo fúteis, cavamos a própria cova; alegremente ignorantes, podemos estar assinando nossa sentença de atraso, vestindo a mordaça, assumindo a camisa de força que, informados, não aceitaríamos.


Alegria, espírito aberto, curiosidade, coisas boas desta vida, todos as merecemos. Mas me poupem do risinho tolo da burrice ou da desinformação: o vazio por trás dele não promete nada de bom.

Lya Luft

domingo, 21 de fevereiro de 2010

O que acabou...

Hoje foi estranho abrir meus olhos ao acordar. Lembrei-me do dia anterior e todo aquele vazio se apossou de mim novamente. Ontem foi o dia que precisei me despedir de uma fase muito importante na minha vida, onde tive tantos momentos bons, quanto ruins. Foi uma fase que me fez muito feliz, embora os tais momentos ruins estivessem prevalecendo. Acho que quando o "ruim" persiste e não há solução para melhorá-lo o fim é o mais adequado, a vida continua. Mas não importa dizer isso, estou sentindo muita falta dessa fase apaixonante e tenho a absoluta certeza de que nunca irei esquecê-la. Ela se foi, mas fico feliz por saber que estará para sempre guardada em meu coração e nunca ninguém vai tirar suas melhores lembranças de mim.

Texto para uma pessoa que foi e ainda é muito importante em minha vida.
Eu te amo!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Faça a diferença!




Não gosto de um mundo triste, mas entendo que a tristeza é um momento tal como a alegria, ou seja, dificilmente ela surgirá se não houver um bom motivo. Descaso, desrespeito, imprudência, violência e tanto daquilo que desconforta e insatisfaz a humanidade resultam nessa melancolia.
Me incomoda saber que há pessoas que sempre acham suas vidas mesmo muito injustas ou muito difíceis diante de coisas tão banais, mas dizer que nunca me importei com esse tipo de problema seria contar uma mentira descarada. Felizmente, sei que aprendi com tudo isso.
Através deste texto, gostaria de deixar uma mensagem: Se um dia tudo se tornar muito difícil, lembre-se que a perseverança nos segue até mesmo em momentos que parecem sem uma única solução, mas enquanto houver privilégio e alegria em sua vida, faça a diferença, procure partilhá-los com quem realmente precisa, acredite: as boas energias se espalham mais rápido do que você pode imaginar. Procure não se ocupar com problemas sem tanta importância, a vida já é muito difícil para complicá-la ainda mais.